Por Paula Litaiff e Bruno Pacheco de O GLOBO: Arliane e Luciano estavam acompanhados do amigo, Jobel Flanyr, de 25, que também pretendia fazer o exame. Ela foi passar o sábado na casa do primo, localizada na BR-174 (que liga Manaus a Boa Vista-RR) para rever o conteúdo do Enem e para que pudessem ir juntos fazer a prova.
Os três chegaram ao ponto de ônibus por volta das 10h, e o ônibus passou às 10h30, mas não parou para o trio, que entrou em desespero. A prova do Enem foi marcada para 13h (horário de Brasília), mas em Manaus, por conta do fuso horário, o início do exame ocorreu uma hora antes, ao meio-dia.
Sem dinheiro para um transporte particular de aplicativo, ela lamentou:
— Fizemos nossa parte em estudar e chegar ao horário na parada de ônibus, mas não era para ser. Não podemos nada, só espero que nossos pais entendam — afirmou a estudante que tentava uma vaga em um curso da área de Saúde. — Eu queria Medicina, mas poderia ser Enfermagem também. Vou tentar no outro ano.
Primo da estudante, Luciano disse que não vai esquecer nunca o número do ônibus que não parou para eles. Ele era o mais revoltado com a situação.
— Foi a linha 321. Como pode um motorista sabendo que hoje é prova do Enem, e que muitos jovens estão em busca de um sonho profissional para mudar de vida, tomar uma atitude dessas e não parar no ponto de ônibus? Não tinha desculpa que estava lotado, pois o ônibus estava praticamente vazio — ressaltou o jovem.
Já o amigo da dupla de primos, Jobel tentaria o Enem pela segunda vez e disse que tinha esperança de conseguir uma vaga na área de Ciências Exatas, porque se sentia mais preparado.
— Eu tinha certeza que conseguiria o número suficiente de pontos para ser aprovado dessa vez no Enem, mas o acaso não deixou. Paciência... — concluiu.