Ao tomar posse no cargo de vereador em Porto Alegre, Matheus Gomes (Psol), historiador e negro, se recusou a cantar o hino do Rio Grande do Sul durante cerimônia nessa sexta-feira (1º/1).
A recusa se deu pelo que ele considera um conteúdo racista da composição, que foi oficializada como símbolo do estado em 1966.
A atitude do vereador acabou provocando reação da vereadora Comandante Nádia (DEM), ainda durante a posse. Ao discursar, a vereadora, que é branca, defendeu que seu colega cometeu uma descompostura ao não se levantar durante a execução do hino e que ele deveria primeiro respeitar os símbolos oficiais do Estado.
Após a fala da parlamentar, o vereador pediu uma questão de ordem e afirmou:
“Nós, como bancada negra, pela primeira vez na história da Câmara de Vereadores, talvez a maioria daqui que já exerceram outros mandatos não estejam acostumados com a nossa presença, não temos obrigação nenhuma de cantar um verso que diz: ‘povo que não tem virtude acaba por ser escravo’”, defendeu-se.
Chega de Hino Racista!
— Matheus Gomes (@matheuspggomes) January 2, 2021
Pra quem quer ver a resposta que dei para a Vereadora do MDB, tá aí!
Não vamos mais aceitar que nos intimidem, o povo negro ocupou a Câmara e vamos seguir reivindicando nossos espaços! #ChegaDeHinoRacista pic.twitter.com/vvquzZFWwB
Uma das estrofes da canção composta por Francisco Pinto da Fontoura, conhecido com o Chiquinho da Vovó, canta: “Mas não basta, pra ser livre/Ser forte, aguerrido e bravo/Povo que não tem virtude/Acaba por ser escravo”.
A recusa do vereador também recebeu apoio nas redes sociais.
Vereador Matheus Gomes, em Porto Alegre, @matheuspggomes, exige o que acaba de ser feito na Austrália: a revisão e abandono de hinos racistas. Ele se recusou a celebrar o hino riograndense carregado de estereótipos racistas. https://t.co/akzhAFSrsu
— Debora Diniz (@Debora_D_Diniz) January 2, 2021