por Gabriel Andrade, de Salvador, em colaboração para CartaCapital
O fim das atividades da Ford no Brasil pode afetar toda uma cadeia produtiva da indústria. Somente em Camaçari, na Bahia, estima-se que 60 mil empregos e centenas de empresas sejam afetadas, gerando um prejuízo de R$ 5 bilhões para a economia do estado.
Esse valor equivale a 2% do PIB do estado, segundo estimativa de 2019 feita pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia.
A cadeia de produção automobilística é extensa. Por isso, o impacto vai muito além do desemprego para trabalhadores da montadora. A engenheira Márcia Ângela Nori explica que o complexo Ford reúne várias empresas que participam diretamente da produção dos automóveis – as chamadas integradas -, além de companhias prestadoras de serviços: segurança, alimentação, equipamentos.
Localizada na Região Metropolitana de Salvador, Camaçari tem cerca de 300 mil habitantes. Vive das indústrias químicas, petroquímicas e automobilísticas e instaladas no local: DuPont, Braskem, Tigre, Petrobras e outras.
Nori, também presidente do Sindicato dos Engenheiros da Bahia, vê o cenário com pessimismo. “As autopeças e empresas integradas ao complexo Ford dificilmente irão sobreviver. E as de apoio à produção e de serviços terão queda de faturamento e corte de empregos. Muitas irão fechar as portas”, analisa.
De acordo com os cálculos do economista Guilherme Dietze, da Fecomércio-BA, a despedida da Ford prejudica mais de mil trabalhadores formais na indústria de peças e acessórios da região.
“Sem falar nas indústrias de pneus, tecidos para estofados, entre outros produtos que compõem os veículos e que serão forçados a reduzir a produção ou até mesmo fechar as portas”, explica ele. Outros impactados serão os trabalhadores terceirizados em serviços de limpeza, de alimentação e transporte.